segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Somos Vários

Ela sentou-se em meu colo e não saiu mais
Começou a tricotar um suéter de lã amarela
E por horas ficou na mesma posição
Como se, temendo que qualquer movimento
Castigasse sua cansada coluna debilitada.
No mesmo instante ele chegou eufórico
Transex animado me puxando para a balada
E por tempo ficou dançando frenéticamente
Uma canção imaginária nem inventada.
De repente apareceu-me aquela figura
Fitava-me profundamente mas tímida,
Estava ali, sentada ao meu lado
Lendo um livro que não interessou-me saber qual.
Sem mais, à minha frente projetou-se a imagem
Uma moça anoréxica com semblante negro.
Notei que havia tropeçado num degrau
E com grande dificuldade tenteva levantar.
Com um olhar como se fora dessa cena
Comecei a observar.
A velha sobre meu clolo aconchegada;
O transex puxando-me categoricamente para a festa;
A nerd segurando meu braço com a mão direita
Enquanto sustentava o livro com a mão esquerda;
A moça doente e fragilizada caída ao chão
Segurando fracamente meus pés.
Dentre todos que ali estavam, tais prenderam-me
Mesmo diante de todos que demonstravam ligações comigo.
Os traços e contornos, as roupas e combinações,
Os gestos e olhares...
Tudo espelhava-me por todos os lados.
Acordei... Uma revolução dentro,
De gente querendo sair e mostrar-se
E outras querendo se ocultar sem culpas.
Nesta hora percebi que estava só
Com várias pessoas em mim,
Implorando unificação
Não quero e não queiram saber no que daria.

Leticia Duns

2 comentários:

Anônimo disse...

Pois é, nem sei o que escrever sobre esse texto porque já estou muito bitolado nesse assunto de multidão interior, mas claro não posso deixar de elogiar, muito bonito o texto. Só pra constar sou eu que estou postando esse comentário, ou será que não? rsrss.


Bjos,

Fernando

Leticia Duns disse...

Bom, acho que nem fui eu quem escrevi esse texto, kkkk

Fala sério, esse papo é muito louco, mas gosto disso...

Valeu !!!

Bjs

Leticia Duns