quarta-feira, 30 de maio de 2012

 
Tem dias em que não quero me arrumar
Noutros quero olhar-me narcizamente
Tem dias em que aturo tudo o que vier
Noutros até um fio escondido de ironia me tira de orbita
Tem dias em que é melhor ficar em casa
Noutros quero mesmo é sair da gaiola
Tem dias que é melhor não pronunciar palavra
Noutros, falo até o que não pensei
Tem dias que quero dia
Noutros prefiro noite
Tem dias que quero falar
Noutros, calar.
 

Silêncio...
 

 Leticia Duns.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Idade


No alto da superficialidade
Por entre a naturalidade
Enrolado na normalidade
Enfiado na cotidianidade
Remontando a realidade
Dizendo ser verdade
Essa grande divindade
Carrega leviandade
No sopro das palavras: Idade



Superficial natural normal cotidiana real verdade, divina leviana a idade.


Leticia Duns

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Fez-se Céu - Abismo


Tenho um quê de tristeza
E sonho se foi como espuma
Dissipou entre eu e você
Assim se fez sua lua.


De raiz presa ao ar
E solo regado de luz
Nasceu doutra maneira
A planta que de ti canta
E emana essa doçura.
 

Está crescendo um vazio
Dessa sua multidão
Vejo por perto sua sombra
E de ti, nada a acompanha.
 

Sentimento vazio,
Lamentavelmente radiante
Como lua que se fez de ti
Valente corre em minhas veias.


Tenho um quê de tristeza
E sonho se foi como espuma
Dissipou entre eu e você
Assim se fez sua lua.

Leticia Duns

sexta-feira, 20 de abril de 2012

19/04/2012


Os cachorros estão latindo lá fora
Eu observo a noite pela janela
Tento entendê-los (a noite e os cachorros)
Mas a sonolência me vence.
Aos poucos vou caindo no chão
Adormeço ouvindo cachorros cantando
E sentindo o frio qie a noite sopra pela fresta da porta
Como os entenderia?
Fico imóvel, sem emoçaõ, estático no chão.
Amanhece, esqueço que a noite cantou a solidão.
Percorro o dia... Sem saber já esperando...
Os cachorros latindo, a noite sombria e a sonolência...
Sempre me vencem !


Leticia Duns

terça-feira, 10 de abril de 2012

Voou...

Fez-se de vento
Por onde passou amor
Levou na brisa lisa
Com cheiro de flor
A leveza dessa dor.
Trouxe e leva
Na mesma sensação
Na mesma intensão
A dor do coração
Que fez-se vento
Para varrer a solidão.

Leticia Duns.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Não sou mais quem fui

Existir nas sensações
Andar nas linhas
Descobrir suas rimas
Relembrar emoções

Viver em canção
Em tom
Em qualquer coração
Num caminho de som

Pensei em criar
Rimando idades
Cantando saudades
Decifrando olhar 

Mas acabei cantando
Casa Caiada *
Esquecendo...
Sempre parada.



* Casa caiada é música da banda pernambucana Mombojó.
O título desta poesia é parte integrante da música Casa Caiada.

Leticia Duns

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

1 Segundo

Na fresta que deixou

Um caminho se forma

E a vida deslancha

Uma única via

Sem vida, sem volta

Sem ao menos resposta

Um trilho, meio fio.

Uma linha, sem desvios

Caminho sem espaço

Assim como um lapso

Fica sem mar nem beira

Sem flor e cheiro

Sem ar nem vida

Frio e escuro

Com um fio de luz

Que além, brilha

Mas continua a fresta

Que o brilho tira.

Leticia Duns

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Água Multicor

Olho para o céu cinza de um dia colorido
Penso como seria se tudo isso mudasse
Numa fração de palavras suas.
Sei que isso jamais aconteceria....
Você nunca soube conversar,
e também nunca soube ouvir verdadeiramente.

Mas lembrando de seus lábios falantes
Penso como letras e números lhe escorriam
Boca a fora... Palavras jorradas como água.
Sem valor, sem sentimento e consentimento.

Olhando agora, vejo que não cinza é o céu
De boca e lábios e linguas coloridas.
Mas percebo que é algo que não conheço,
Não desvendo e não quero voar
Nesse céu multicolor de descrença e manipulação.

E termino preferencialmente assim, sem cor.

Leticia Duns.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Lembrança

Quando cai essa chuva fininha
Olho pela janela e lembro.
Quero brincar, correr, pular
Ir na rua andar de bicicleta.
Comprar bala, chiclete, pirulito
Lá na venda do Tião.
Brincar de esconde-esconde
Só para achar a Amanda
Que é sempre a primeira
A ser achada.
Cantar em roda com meus primos
Aquela musiquinha do peixinho.
É mais ou menos assim:
Se eu fosse um peixinho, soubesse nadar
Colocava a Luana no fundo do mar
Se eu fosse um peixinho, soubesse nadar
Colocava a Biu no fundo do mar
Se eu fosse um peixinho, soubesse nadar
Colocava o Jefferson no fundo do mar
Depois que está todo mundo no fundo do mar
Vai tirando um a um, até ficar uma pessoa só
Mais ou menos assim:
Se eu fosse um peixinho, soubesse nadar
Eu tirava a Biu do fundo do mar.
Quando sobra uma pessoa só no fundo do mar, canta-se:
Lixeiro, lixeiro...
O engraçado é que a Luana é sempre o lixeiro.
Quando essa chuva está caindo
Fico lembrando...
Estamos brincando de casinha
E prometemos para o Jefferson
Que a gente ia brincar de carrinho e bolinha de gude
Só para ele brincar de casinha com a gente.
Depois da casinha, a gente fugia para não brincar
Dessas brincadeiras de menino.
O Jefferson é o único menino
No meio de tantas meninas.
Ele está com muita raiva.
É legal quando a gente vai na rua
Jogar vôlei e futebol
Andar de bicicleta e de patins
Um par de patins para nós 5.
É engraçado.
Escalar os muros da casa da vó
Fazer bagunça na sala assistindo televisão
E comendo bolinho de chuva ou pipoca.
Bom mesmo, é se divertir
No balanço improvisado.
Tio Marcos, César, Isaías, Saulo
Quando o balanço quebra
O primeiro tio que aparece arruma para a gente.
E a bagunça começa novamente.
Quando essa chuvinha caí
Às vezes nos escondemos na casa da vó
Para brincar de escolinha
A Dani e a Ednice adoram ser professoras
E a gente aprende com elas.
Nesses dias de chuva, às vezes
Sentamos no chão e ficamos pintando
Revistinhas de desenhos com canetinha colorida
Que a Amanda trouxe da casa dela.
É o máximo. Cada qual pintando sua princesa.
E se vendo, princesa.
Só é ruim mesmo
Quando a chuva fininha começa
E a gente sai correndo
Cada um para sua casa.
E fica olhando pela janela.
Esperando o último pingo de chuva cair
Para sair no quintal e começar tudo de novo.
Quando cai essa chuva fininha
Adoro ir para a primeira janela que vejo
E olhar lá para fora, esperando a última gota cair
Por que sei que quando isso acontecer
A sensação que terei é aquela
Que sentia quando saía correndo para o quintal
Para começar tudo de novo !!!
Começar a se divertir
Começar a sorrir
Começar a ser sempre feliz
Como uma criança...

Leticia Duns