segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Rascunho Conto "A varanda"

O mundo lá fora estava alegre e agitado. As crianças tomando banho de mangueira descalças sob o asfalto quente do sol e fazendo o maior carnaval, homens bebendo cerveja já com várias garrafas vazias sobre o chão e conversando, melhor dizendo, gritando sobre futebol e às vezes sobre mulheres, não havia nenhum campeonato sendo disputado já que estamos em janeiro porém, esse era o único assunto que cabia ao momento. Haviam também algumas mulheres reunidas nos portões das casas, estavam conversando e rindo enquanto olhavam suas crianças que corriam do jato d'àgua que as perseguia.
Ana observava da varanda de sua casa toda essa movimentação, mas seus olhos viam e não registravam os acontecimentos, estava longe, além do que via em milhares de quilometros à sua frente.
As pessoa passavam na rua rumo a lugares de seu interesse e, Ana continuava a imaginar imóvel naquela varanda gélida. Não sentia mais frio e nem se incomodava com o vento que bagunçava-lhe os cabelos.
Era fim de tarde, o sol despediu-se e a lua entrou sem comprimentá-la. Tudo bem, pensava Ana e, por longas horas contemplou-a já que a movimentação na rua cessara. Não estava preocupada com quem a observava daquela maneira e nem com que horas eram pois, estava acabado.
Tudo estava acabado, ela não podia acreditar que seu túmulo seria aquele e nem que ficaria a contemplar pela eternidade o despertar do gentil sol radiante e o nascer da luta de luto por ela. contentava-se contudo por ao menos ter isso pois nunca tivera nada.
Com nada nasceu e, sem nada Ana morre...
Morre aos poucos na sua varanda observando os outros viverem pois não tem mais forças para viver.
Leticia Duns

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