quinta-feira, 20 de maio de 2010

Assim Deixei

Deixei de escrever frases bonitas,
Mentiras alegres e corações partidos.
Na árvore que não via,
Deixei penduradas folhas escritas,
No solo, canetas sem tintas,
Nos frutos, casca sem polpa.
Deixei de querer o mundo
E todas suas coloridas flores
Se presas às raízes estão
Mas radiantes, exibem sua beleza.
Deixei de querer as músicas,
O que me impressiona
Se camufla em suas letras,
Melodias e acordes gritantes.
Deixei de querer alma,
Se enquanto corpo pulsa prazeres
E tão incoerente a descreve
Como se alma dele dependesse.
Deixei de correr os caminhos,
Olhar para os lados,
Enxergar vazio,
Lamentar passados, cegar destinos.
Decidi que deixei de tudo um pouco:
Tudo que me é vago,
Tudo que parece bonito,
Tudo que aparenta sintonia,
Tudo que está superior,
Tudo que é regrado.
Sim, de tudo um pouco,
Afinal poucos são os ensinamentos
Sobre nada que sabemos.
Um pouco de tudo,
Um pedaço de cada aroma
Mesmo que não goste.
Experimentos, só um pouco...
Acaba- se sem legados,
Apenas poetizando vagamente
Sobre palavras escritas, papel branco
Penduradas nos galhos
Daquela árvore que não via,
Flutuava sobre o chão.
Árvore donde nasce a verdade.
A verdade?
Deixei de escrever frases bonitas,
Mentiras alegres e corações partidos.

Leticia Duns.

4 comentários:

Débora Cristina Vasconcelos disse...

Perfeito, apaixonante...parabéns mulher! Mandou muito bem neste poema....

Bjs

Débora Cristina Vasconcelos disse...

Perfeito, apaixonante...parabéns mulher! Mandou muito bem neste poema....

Bjs

Leticia Duns disse...

Valeu Dé ! Quando o escrevi achei que estava confuso mas já recebi um retorno dele e percebi que várias pessoas gostaram, isso é tão bom !!!

Muito obrigado !!!

Beijos
Le.

O Neto do Herculano disse...

Deixar de fazer é recomeçar.