quinta-feira, 4 de julho de 2013

Silêncio



Vejo. (Às vezes até coisas que não se vê)

Penso.

Mas se penso, vejo que devo falar.

As palavras vêm, a boca bloqueia,

Ou será o pensamento?

Falo. (Às vezes até o que não se deve)

Ainda assim falo.

Mas dentro (lá no pensamento),

Ainda ficam algumas palavras...

Elas devem ser ditas.

Calo. (Às vezes é conveniente)

Mas vejo que se falo, as pessoas calam.

Assim fica o SILÊNCIO.

Silêncio das palavras paradas.

Silêncio das palavras caladas.

Silêncio.

Apenas.



 Leticia Duns

quarta-feira, 30 de maio de 2012

 
Tem dias em que não quero me arrumar
Noutros quero olhar-me narcizamente
Tem dias em que aturo tudo o que vier
Noutros até um fio escondido de ironia me tira de orbita
Tem dias em que é melhor ficar em casa
Noutros quero mesmo é sair da gaiola
Tem dias que é melhor não pronunciar palavra
Noutros, falo até o que não pensei
Tem dias que quero dia
Noutros prefiro noite
Tem dias que quero falar
Noutros, calar.
 

Silêncio...
 

 Leticia Duns.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Idade


No alto da superficialidade
Por entre a naturalidade
Enrolado na normalidade
Enfiado na cotidianidade
Remontando a realidade
Dizendo ser verdade
Essa grande divindade
Carrega leviandade
No sopro das palavras: Idade



Superficial natural normal cotidiana real verdade, divina leviana a idade.


Leticia Duns

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Fez-se Céu - Abismo


Tenho um quê de tristeza
E sonho se foi como espuma
Dissipou entre eu e você
Assim se fez sua lua.


De raiz presa ao ar
E solo regado de luz
Nasceu doutra maneira
A planta que de ti canta
E emana essa doçura.
 

Está crescendo um vazio
Dessa sua multidão
Vejo por perto sua sombra
E de ti, nada a acompanha.
 

Sentimento vazio,
Lamentavelmente radiante
Como lua que se fez de ti
Valente corre em minhas veias.


Tenho um quê de tristeza
E sonho se foi como espuma
Dissipou entre eu e você
Assim se fez sua lua.

Leticia Duns

sexta-feira, 20 de abril de 2012

19/04/2012


Os cachorros estão latindo lá fora
Eu observo a noite pela janela
Tento entendê-los (a noite e os cachorros)
Mas a sonolência me vence.
Aos poucos vou caindo no chão
Adormeço ouvindo cachorros cantando
E sentindo o frio qie a noite sopra pela fresta da porta
Como os entenderia?
Fico imóvel, sem emoçaõ, estático no chão.
Amanhece, esqueço que a noite cantou a solidão.
Percorro o dia... Sem saber já esperando...
Os cachorros latindo, a noite sombria e a sonolência...
Sempre me vencem !


Leticia Duns

terça-feira, 10 de abril de 2012

Voou...

Fez-se de vento
Por onde passou amor
Levou na brisa lisa
Com cheiro de flor
A leveza dessa dor.
Trouxe e leva
Na mesma sensação
Na mesma intensão
A dor do coração
Que fez-se vento
Para varrer a solidão.

Leticia Duns.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Não sou mais quem fui

Existir nas sensações
Andar nas linhas
Descobrir suas rimas
Relembrar emoções

Viver em canção
Em tom
Em qualquer coração
Num caminho de som

Pensei em criar
Rimando idades
Cantando saudades
Decifrando olhar 

Mas acabei cantando
Casa Caiada *
Esquecendo...
Sempre parada.



* Casa caiada é música da banda pernambucana Mombojó.
O título desta poesia é parte integrante da música Casa Caiada.

Leticia Duns

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

1 Segundo

Na fresta que deixou

Um caminho se forma

E a vida deslancha

Uma única via

Sem vida, sem volta

Sem ao menos resposta

Um trilho, meio fio.

Uma linha, sem desvios

Caminho sem espaço

Assim como um lapso

Fica sem mar nem beira

Sem flor e cheiro

Sem ar nem vida

Frio e escuro

Com um fio de luz

Que além, brilha

Mas continua a fresta

Que o brilho tira.

Leticia Duns

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Água Multicor

Olho para o céu cinza de um dia colorido
Penso como seria se tudo isso mudasse
Numa fração de palavras suas.
Sei que isso jamais aconteceria....
Você nunca soube conversar,
e também nunca soube ouvir verdadeiramente.

Mas lembrando de seus lábios falantes
Penso como letras e números lhe escorriam
Boca a fora... Palavras jorradas como água.
Sem valor, sem sentimento e consentimento.

Olhando agora, vejo que não cinza é o céu
De boca e lábios e linguas coloridas.
Mas percebo que é algo que não conheço,
Não desvendo e não quero voar
Nesse céu multicolor de descrença e manipulação.

E termino preferencialmente assim, sem cor.

Leticia Duns.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Lembrança

Quando cai essa chuva fininha
Olho pela janela e lembro.
Quero brincar, correr, pular
Ir na rua andar de bicicleta.
Comprar bala, chiclete, pirulito
Lá na venda do Tião.
Brincar de esconde-esconde
Só para achar a Amanda
Que é sempre a primeira
A ser achada.
Cantar em roda com meus primos
Aquela musiquinha do peixinho.
É mais ou menos assim:
Se eu fosse um peixinho, soubesse nadar
Colocava a Luana no fundo do mar
Se eu fosse um peixinho, soubesse nadar
Colocava a Biu no fundo do mar
Se eu fosse um peixinho, soubesse nadar
Colocava o Jefferson no fundo do mar
Depois que está todo mundo no fundo do mar
Vai tirando um a um, até ficar uma pessoa só
Mais ou menos assim:
Se eu fosse um peixinho, soubesse nadar
Eu tirava a Biu do fundo do mar.
Quando sobra uma pessoa só no fundo do mar, canta-se:
Lixeiro, lixeiro...
O engraçado é que a Luana é sempre o lixeiro.
Quando essa chuva está caindo
Fico lembrando...
Estamos brincando de casinha
E prometemos para o Jefferson
Que a gente ia brincar de carrinho e bolinha de gude
Só para ele brincar de casinha com a gente.
Depois da casinha, a gente fugia para não brincar
Dessas brincadeiras de menino.
O Jefferson é o único menino
No meio de tantas meninas.
Ele está com muita raiva.
É legal quando a gente vai na rua
Jogar vôlei e futebol
Andar de bicicleta e de patins
Um par de patins para nós 5.
É engraçado.
Escalar os muros da casa da vó
Fazer bagunça na sala assistindo televisão
E comendo bolinho de chuva ou pipoca.
Bom mesmo, é se divertir
No balanço improvisado.
Tio Marcos, César, Isaías, Saulo
Quando o balanço quebra
O primeiro tio que aparece arruma para a gente.
E a bagunça começa novamente.
Quando essa chuvinha caí
Às vezes nos escondemos na casa da vó
Para brincar de escolinha
A Dani e a Ednice adoram ser professoras
E a gente aprende com elas.
Nesses dias de chuva, às vezes
Sentamos no chão e ficamos pintando
Revistinhas de desenhos com canetinha colorida
Que a Amanda trouxe da casa dela.
É o máximo. Cada qual pintando sua princesa.
E se vendo, princesa.
Só é ruim mesmo
Quando a chuva fininha começa
E a gente sai correndo
Cada um para sua casa.
E fica olhando pela janela.
Esperando o último pingo de chuva cair
Para sair no quintal e começar tudo de novo.
Quando cai essa chuva fininha
Adoro ir para a primeira janela que vejo
E olhar lá para fora, esperando a última gota cair
Por que sei que quando isso acontecer
A sensação que terei é aquela
Que sentia quando saía correndo para o quintal
Para começar tudo de novo !!!
Começar a se divertir
Começar a sorrir
Começar a ser sempre feliz
Como uma criança...

Leticia Duns

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Relembrando

Ás vezes é preciso largar a vaidade
Largar os erros e medos
Falar e enfrentar
Deixar para depois os desatentos

É preciso deixar de ser fraco
De recair por besteira
De magoar com silêncio
De deixar sem palavras

É preciso sair de si e entrar noutro
Entender o que se passa do lado de lá da rua
Sentir as palavras por outro ouvido
Calar a insegurança e dar outro sentido.

Às vezes é preciso, para mudar
Para saber que somos pequenos
Que somos puramente sentimentais
E para relembrar que....

Vivemos da expectativa do outro. Sempre.

Leticia Duns

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Canção

Se parar no infinito da saudade
E pensar que está perpetuando,
Se pensar que amar demais é provar
E achar que está perdoando,
Tente lembrar que vida é tudo.
Tudo que move e anda
Corre, circunda e muda.
Muda de cor e sentido,
Transforma saudade em poesia
Transforma amor em melodia
Transforma conceito em linha
Certezas em escultura vazia.
Saudade é pra quem tem (*)
Amor é para quem doa
E o meu, dou-te mais uma vez. (*)
(*) Trechos extraídos da música "Meu amor é teu" de Marcelo Camelo.

Leticia Duns

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Escritor Desesperado

Nada para ler
Nada para falar
Nada para ver
Nada para escrever.


 Nada. Simplesmente nada
Andei, busquei, observei
Nada...
Nada desse tudo me satisfaz
 

Nada disso me orienta
Nada me sustenta
Tudo é falta
Desapego.

Tento escrever sobre o nada
Por que nada é o que leio,
Nada é o que falo
Nada é o que vejo
Nada é o que escrevo...


Leticia Duns

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Infância

Encontrar no brilho de uma estrela
Algo perdido que não quer se achar
Com formas e cores inimagináveis
Com cheiro e sabor de infância.


Ah, a infância
Faz parecer que é fácil
Faz imaginar o que não existe
Faz viver pelo passado
Querendo ser futuro.


 Futuro de estrela assim
Sem encontrar uma fresta de luz
E ainda assim se achar brilhando
Para quem lhe contempla
Na escuridão de uma noite silenciosa.


Silenciosa infância de estrela.
Perdida.

Leticia Duns


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Sons

Na ansia, na sede, na fome
Sem rumo, sem linhas nem nome

Estou na espera da gota cair
Estou rezando pro santo fugir

Sem garra, sem poses nem marras
Esperando, falando, gritando.
Estou fingindo ouvir suas guitarras
Estou sabendo, tanto que garanto.

Estou sem você nem eu
Estou sem eira nem beira
Estou esperando um beijo seu
E que assim sempre me queira.

Leticia Duns

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Música

E apenas ouvir...
Fechar os olhos e sentir
A voz sorridente canta, encanta
Emociona.
Quem canta?
A luz que emana
E torna tudo amor
Do amor, gratidão
Da gratidão, emoção
Da emoção?
A sensação se ali estar
E sentir assim... De olhos fechados
A alegria e o sorriso
De quem tem muito a cantar
Para quem tem muito a ouvir !

Poema escrito inspirada no Pocket Show de Bruna Caram.

Leticia Duns

Bruna Caram - Palavras do Coração



Olá pessoal!

Bom, ontem fui ao Show de uma cantora super talentosa, surpreendente, encantadora e iluminada.

Bruna Caram me emocionou em seu Pocket Show na Fnac Pinheiros e confesso, fiquei com gostinho do quero MUITO MAIS...

Ela encerrou sua apresentação com uma linda música digna de chave de ouro, abaixo a letra, vejam que linda! Aiiii como estou inspirada hoje !!!

Palavras do Coração - Bruna Caram

São sorrisos largos
Lagos repletos de azul
Os corações atentos
Ventos do sul
São visões abertas
Certas despertas pra luz
A emoção alerta
Que nos conduz
Sonhos aventuras
Juras promessas
Dessas que um dia acontecerão
Você me daria a mão?
Todos estes versos soltos dispersos
No meu novo universo serão
Palavras do coração

Os artifícios
Vícios deixando de ser
Os velhos compromissos
Pra esquecer
São pontos de vista
Uma conquista comum
O mesmo pé na estrada
De cada um
Sonhos aventuras
Juras promessas
Dessas que um dia acontecerão
Você me daria a mão?
Todos estes versos soltos dispersos
No meu novo universo serão
Palavras do coração.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Essa tal de Inspiração


Longos tempos sem inspiração, mas ela resolveu me visitar hoje e deixar de presente uma poesia...

E não é que gostei?

Espero que gostem do presente que a inspiração me deixou e recebam dela um lindo presente também.

A poesia  "Apenas Espere"  reabre o blog Descobrindo Um Novo Ser depois de tanto tempo sem postagem !

Deliciem-se e deixem as palavras fluirem .


Leticia Duns.

Apenas Espere

Estava tudo distante,
Mas não pedi que esperasse
Nem que ficasse,
Muito menos que fosse.

Não pedi que esperasse força
Pois o coração é vulnerável às emoções
Não pedi que esperasse meticulosidade
Pois a mente é imensidão de caminhos desconhecidos
Não pedi que esperasse conhecimento
Pois o ser se conhece um pouco a cada dia

Só espere que eu volte
E deixe a esperança em seu coração
E percorra seus caminhos
E te conheça cada vez mais

Assim...
Só espero que me espere
Mas de mim...
Só espere que eu volte,
Um dia...

Leticia Duns

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

E o Amor Ainda Vive.


          Foi besteira pensar que se houvesse alguém para esquecer que seria você, foi distúrbio dizer que esquecer faz-se mais fácil quando se está longe pois distante é que se observa os detalhes antes despercebidos e a saudade aperta que até sufoca. É de drama que se faz um amor que se desfaz, e se desfaz fingindo desfazer... Grande enganador é esse amor... Enganador dos bons... Engana-se a si mesmo para não sofrer de si e vendo-se sofrendo, se entrega às lágrimas que não trazem o que se quer, apenas sufocam um amor que quase sem ar vive... Mas ainda assim vive...

Leticia Duns

Te necessito

Eu quero, gosto e sinto

Eu quero realizar-te

Gosto de olhar-te

Sinto amar-te

Quero esse pedaço seu
Aqui comigo
Gosto desse aroma seu
Misturado ao meu
Sinto você sempre
Do meu lado

Eu quero você
Ontem, hoje e que seja agora
Que seja amnhã
Ou no ano que vem

Eu quero
Pura e simplesmente
Você aqui.

Eu quero, gosto e sinto.

Leticia Duns

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Filosofia

As coisas nunca se repetem, somente as palavras.


Edemir Fernandes Bagon

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Espelho

Uma leve bruma quente-fria
Toca-me levemente
Tão suave que a senti
Em seus mistérios me cobrir.

Leve bruma quente
Que me toca e diz
Leve à frente
A esperança que reluz

Leve bruma fria
Anda e lamenta
Foi-se anteontem
Dizer que me desfiz

Leve bruma quente-fria
Deixa-me entre um e outro
Entre equilíbrio e confronto
Passos e espasmos

Fria-quente leve bruma
Escura transparência
Desfia os vestidos
E leva a descrença

Bruma... Leve fria-quente
Costura o caminho
De cordas e labirintos
Em suas malhas puras.

Bruma ...
Em tecer me faz perder
Em perder me faz andar
Ao andar, faz se jogar...

Na leve bruma quente-fria.

Leticia Duns

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Você

Uma parte de mim
Torna- se meu inteiro,
Sem reações se entrega
E de ti é prisioneira
Essa vontade e anseio
Procura- o por perto
E sente sua imagem,
Sua presença,
Seu carinho, seu cheiro...
Vem daqui de dentro,
Sua fórmulas,
Magias e encantamentos
E de mim brota
Essa parte tua
Que torna- se meu inteiro
Inteiro amor por ti !

Leticia Duns 

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Sinto

Subir pra perto do céu
Sentir a força do vento
A sensibilidade da neblina
A vontade da noite
A vitalidade do dia
A delicadeza da flor
O néctar da fruta
A maciez da grama
A correnteza d'àgua
As energias vibrantes
As cores tocantes
E assim...
Sentir,
O aconchego dos braços
Afagos e beijos
Esse amor que toca por inteiro
Soa melodias apaixonadas
E tocam sempre que te sinto
Sentir,
Te sinto como os elementos naturais
Como as forças sobrenaturais
Nos itens que me compõe
Na esperança que se constroe
E é sempre assim
Quando te sinto.

Leticia Duns

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Querido Amigo L, R.A.E - 1969


Querido amigo, senti vontade de dizer-te quanta paz tua paz me transmite e de quanta esperança um sorriso teu me enche o peito.

Certa vez, uma vontade de igual tamanho cercou minha mente, mas tu não estava por perto para que minhas poucas palavras pudessem ditar meus pensamentos vagantes à tua eterna procura. Era noite e, deitado em minha cama (essa que a mim é eterna) olhando para o teto (este que que me é tão baixo), via letras flutuando pelo ar e formulando ora palavras avulsas, ora frases aparentemente sem nexo mas que, desde aquele momento, minavam de meu corpo.

Se de palavras a esperança se compõe e de tu me vem tais palavras, não é ousadia minha dizer que tu, oh composição perfeita, és poesia livre em meu mundo, mente, corpo.

Mas se minha mente lança-te ao ar de meu teto tão embaraçosa e indecifravelmente, concluo que tu, oh palavra mandante és senão, fruto deste meu corpo doentio que se desfaz sem o teu. É lamento neste quarto que a projeta sem decodificações, é murmúrio quando nota que as palavras são mudas, o negrume do quarto é translúcido e a intenção é cega.

Senti vontade de dizer-te quanta paz teu silêncio mórbido transmite e quanta esperança tua alma viva me enche o corpo inerte.



Leticia Duns

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

2° Prêmio BlogBooks



Pessoal, estou concorrendo ao 2° Prêmio BlogBooks onde, meu blog pode virar um livro eletrônico. Conto com a colaboração para divulgação e voto de todos de vocês !

Clique Aqui para registrar seu voto.

Muito Obrigado
Leticia Duns

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Haicai

Sobre a sombra no telhado
O pássaro pousa
E o telhado voa.

Leticia Duns

domingo, 15 de agosto de 2010

Personagem

Quando o fiz, entreguei-me por inteiro
Vejo que agora falta-me empenho
Nem lhe vejo ou lhe quero por perto
Suponho que tenhas sentido
Essa minha falta de alma nas presenças
Ou então essa falta de sentido nas palavras.
Gosto quando entende
Que não pode entender meus significados
Nem meus sentidos de direção
[Se é que eles existem]
Fato é que entreguei-me mas não o quero
E sabes que não lhe criei por vontade
Apago-lhe de minha mente agora
Pois necessito de um pouco mais de espaço
Nessa minha cabeça vaga.
Adeus velho personagem
De descrença e decaso
Agora aqui [não em mente, sim coração]
Habita plenitude e paz
Não lhe convem espaço.


Leticia Duns

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Ipês

O Ipê amarelo
Surge pela janela
Sua cor ofusca o olhar
Colore a calçada
Com suas flores caídas
Riqueza sem par



O Ipê roxo
Abre o caminho
Com delicadeza de moça
E flores doces
Que sorriem com beijos
Amor e carinho




O Ipê branco
Revitaliza o viver
Eleva o espírito
Renova idéias
Limpa impurezas
Surge com Paz e Serenidade



Os Ipês
Plantados em solo inconsistente
Brotam suas flores
E realçam a vida
Colorem a visão
E amaciam o coração.

Plante, cultive e aprenda
A semente do Ipê
Está aí para ser utilizada
Já plantou a sua no coração?
Descubra o cultivo
E sinta as emoções.


Leticia Duns

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Dentro de mim


Basta aprofundar seu olhar
Dentro do meu coração
Verá a verdade estampada
Em tons fortes e vibrantes
Que impulsionam meu amor
A realidade é que essa vontade
Me consome, me devora
Me aliena à você
Então deixa disso e sinta a força
Sinta a intensidade que vibra em mim.
Ao simples olhar aflora mais essa sensação
É inacreditável o que você provoca
Nem nas mais complexas palavras sei explicar
Acredite, acompanhe, sinta
Não é hipocrisia minha
Vamos explorar juntos essa aventura
Revira e me faz mostrar esse sentimento
Venha explore mais profundo
Ouça essa música que soa
Na profundeza do meu coração

Leticia Duns

terça-feira, 27 de julho de 2010

E o tempo parou

E o tempo parou
E as coisas aconteceram
E as pessoas repararam
Que na verdade a vida parou.
Parou na rotina do fazer por fazer
Na tristeza de errar sem aprender
Na dor da contrição sem se arrepender
Na angústia de falar por falar.
É a vida parou
Ninguém fez nada para alterar
Nínguém quiz mudar
Ninguém se preocupou.
É a vida está parada.
Até que vejamos nosso verdadeiro ser
E reparamos nosso verdadeiro valor
E encontremos nas atitudes
A corda para o relógio da vida.
Seja você a fazer o diferencial
Não pela inercia do tempo dos outros
Mas pela vitalidade do seu tempo
Faça o ritmo da sua vida.

Leticia Duns

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Aquela criança



Tirei inspiração das pessoas na rua
Suas atitudes, suas maneiras
Observei o modo de caminhar
De falar ao telefone, de correr para pegar o ônibus
No meio de tanta observação
Um sorriso ofuscou meu olhar
Aquela criança trazia consigo
O sonho de tudo melhorar
Num gesto simples quiz capturar sua esperança
E transpassar para mim
Somente consegui imobilizar
Este momento aqui
E lembro da aurora da minha meninice
Quando tive esperança
Mas tornei-me adulto incrédulo
Pois conheci a vida, corrompeu a magia
Que tinha como aquela criança.

Leticia Duns

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Sem definição


A verdade é que o amor não cabe somente em mim,
não cabe somente em ti,
Não cabe a ninguém que seja denominado ser humano.
Ninguém pode senti-lo em todas suas propriedades
e quem disser que pode
Estará traindo seus princípios e sentimentos mais variados
Indo propriamente contra o que é o amor em si.

Leticia Duns

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Não há crime


Tive uma idéia
Como sempre digo: miraculosa
Vamos sair sem se preocupar com a volta?
Não quero negativas
Aceite a proposta
Vamos simplesmente caminhar à toa?
A luz da lua a iluminar
O que não terminará,
Espero que não, pelo menos agora
Pare de besteira
Venha, desenvolva comigo essa idéia
Não quero saber as consequências
Não pense no depois
Venha comigo agora
Não haverá testemunha
E sem elas não há crime
Comigo, nunca tenha medo.
Leticia Duns

terça-feira, 13 de julho de 2010

Cabeça Viajante

Tento desta vez expor sentimentos vagos
Que viajam na minha cabeça
Como borboletas livres
Tão livres que fogem ao tentar colocar no papel

Por isso me sinto tão solta
Não vou me prender à belas palavras
Nem preocupar-me se soam bem
Apenas serão eu e meus pensamentos

E aí do outro lado
Um bom leitor entenderá minhas entre linhas
Meus por quês
E sentirá à flor da pele meu prazer de escrever.

Leticia Duns

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Jardim Solitário

Flor corroída
Ácido vento que lhe soprou
Pétalas incompletas
Terra que veneno brotou
Folhas com vísceras
Chuva não levou
Orvalho pairado
Nem de ti cessou
Jardim solitário
Flor corroída sobrou
Leticia Duns

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Acordei Assim

Uma saudades que apertou e lhe gritou
Chamou e te procurou ao meu lado na cama,
Não estava...
Saudades que sentiu-se repentinamente abraçada
E por ti acariciada
Tocada pelos apaixonantes beijos
Delicada mão ao rosto.

Percebeu que nada mais que sonho
Lhe era aquele momento
Imaginando algo que nem ocorrera
Mas em breve lhe virá
Paixão sonhadora
Então nas nuvens de teu corpo instalou-se
E ao acordar continuou sonhando,
Realizada de seus desejos.

É, essa noite foi assim,
Com você abraçada dormi
Com você ao meu lado acordei,
Um beijo doce...
E apertadamente,
Envolveu-me em seus braços
E percebi que acordada estando,
Esse sonho me faz amar sem dimensões.

Leticia Duns

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Sol

Poema por Tiago Costa.

O Sol radiante
Em meus olhos
Vislumbra, hipnotiza, encanta

Seus raios intensos
Infiltram em meu ser
Trazendo o calor
Que tanto esperei

As vezes pego-me questionando
Será real?
Apenas um sonho?

Quero apenas sentir
Deixo as dúvidas e questionamentos
E aprecio o nascimento
Dessa luz que me faz sorrir.

Tiago Costa

sábado, 26 de junho de 2010

Artesanato- Minhas Criações

Olá queridos, hoje estarei aqui ao lado em Artesanato... Passem por lá, vale a pena dar uma espiada. Abaixo link.

Artesanato- Minhas Criações

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Pés- Parte II


Rita anda em direção ao abismo entre morte e vida, Catarina a segura pela mão e a conduz para suas então certezas. Quer Marcelo, sente frio e o aperto no peito lhe prende a respiração. Mergulha em sua memória às vezes em que fitava os olhos de Marcelo e se perdia na cor opaca e sem brilho que transpassava além dela como se nada estivesse em sua frente. Pusera-se a pensar em remotas vezes em que vira brilho naquele olhar, espantara-se ao relembrar que apenas uma vez dentre inúmeras felicidades o identificara no ocular de Marcelo.

Sim, fora no dia de teu casamento, Catarina sempre observara ao longe as decisões tomadas pelo então jovem casal, e opusera-se a todas elas com fervor e entusiasmo. Acreditava que destino não existe e que ela poderia finalizar todo e qualquer indício de permanência eterna daquele e de outros matrimônios.

Lembra-se Rita que em seu dia de núpcias Marcelo depositara nela toda sua felicidade, assim como se a tivesse transferido como forma de mantê-la segura, para que não escapasse jamais. Foram felizes naquela noite. Juntos somente naquela noite.

Eu sempre quis roubar-lhe para ser em parcela, feliz. Rita nunca soube de minha essência e não conhece meu ser, mas Marcelo já sabia desde então minhas intenções e propósitos, lhe era bem claro os meus desejos e anseios.

Estou vendo Catarina, se aproxima de mim com ardência e pressa, noto sua insípida respiração ofegante. Zomba em meu ouvido sua força e comando voluntários. Aproxima-se cada vez mais e a sua velocidade aumenta. O gelo que me sobe até a nuca confirma que sua presença é impiedosa e desprovida de insegurança. Tem traçado seus planos a muito e não se opõe com a idéia de destruição familiar que poderá causar. Impulsiona minha bicicleta com singular força em direção a pista contrária e já não vejo mais nada. Somente a imagem nítida de Rita projeta-se em meu semblante e aos poucos escurece como se houvesse adentrado um vale de sombras.

Noite de 25 de julho de 1998

Todas as noites, mesmo nas quentes, acordava cerca de três vezes inclusive de madrugada para ir ao banheiro, beber água e olhar para os pés de meu marido. É certo que a ida ao banheiro e a sede repentina e costumeira era apenas um pretexto para observar seus pés. Sim, você pode pensar que sou daquelas admiradoras fanáticas por pés bonitos, mas, não era a razão de tal estranha observação.

Nesta noite não acordei, e dali em diante meus despertares não foram os mesmos. Ainda acho que estou dormindo, mas Catarina me lembra que não. Ela o levou e me levará também, ela sim é fascinada por pés e todas as noites vêm olhar os meus, os seus e de todos. Podem observar.

*Vem sem cheiro, sem sublevar, sem presença, mas nota-se.
Toma em suas garras de gélido abismo infindável
O suspiro absorto e ilusório que nos perpetua neste plano
Utopicamente caucionando alma desobstruída.


* Últimos versos extraídos do poema "Medo do Medo da Morte" de Leticia Duns.

Leticia Duns

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Pés - Parte I


Todas as noites, mesmo nas quentes, acordava cerca de três vezes inclusive de madrugada para ir ao banheiro, beber água e olhar para os pés de meu marido. É certo que a ida ao banheiro e a sede repentina e costumeira era apenas um pretexto para observar seus pés. Sim, você pode pensar que sou daquelas admiradoras fanáticas por pés bonitos, mas, não era a razão de tal estranha observação.

Agora quem vos fala é Catarina, à frente apresentarei-me.

Marcelo homem dedicado que é, sempre acorda antes mesmo do galo cantar, faz seus afazeres domésticos juntamente com sua esposa e sai para a vida. Cuida da chácara do Sr. Rubens a dois anos e meio e tem uma ótima relação com seus vizinhos afinal os amigos ocupam-lhe o espaço onde fica a saudade de sua família (mãe, pai e irmãos) que estão longe a algum tempo.

Vida corrida de capinagem, plantação e vigia, volta para dentro de casa somente à noite onde sua esposa lhe aguarda para o jantar, depois conversam sobre a quietude do lugar em que não se acostumaram a residir ainda e, depois de longo papo regados a risos e carinhos vão dormir afinal, o galo canta mais cedo que o habitual naquele lugar.

Manhã de 26 de julho de 1998.

Rita sempre acorda primeiro que Marcelo, é certo que ele não sabe de suas preocupações, ela não transparece o medo de ter o marido longe, ele é totalmente necessário a ela em todos os sentidos, em seus sentimentos criou um laço de ligação tão forte como se suas almas fossem interligadas e fundidas a milhões de anos. Mas esse é um assunto em que raramente é comentado em suas conversas, afinal Marcelo é descrente de tudo que não pode ver.

Como é de costume, ele acorda cedo e faz o café preto que lhe mantém acordado durante o dia todo. Ela acorda e vai até a padaria de esquina comprar pão. Tomam café tranqüilos e conversam sobre o que vão fazer durante o dia.

Marcelo pega sua bicicleta e vai até o depósito de materiais de construção no centro da cidade comprar parafusos para arrumar um velho armário na casa do Sr. Rubens.

Ao passar pela porta para acompanhar com o olhar o marido indo em direção a porteira da chácara, Rita sente um leve e suave sopro no pescoço que a faz certificar-se de que está sozinha em casa. Surge então uma sensação de que Marcelo esqueceu alguma coisa em casa antes de sair. Começa a procurar pelos cômodos algo que ele pudesse ter deixado para traz. Não encontra nada, ainda assim aquele sentimento de esquecimento a apavora de tal maneira que a obriga a correr até a entrada da chácara, olha para todas as direções e perde o olhar na estrada de terra que segue longe onde não se pode ver fim de onde está.

Rita ouve uma voz susurrar-lhe ao ouvido: - Marcelo esqueceu você...

Marcelo esqueceu Rita. Não a levou com ele, deixou-a em casa para receber as notícias. Alguém precisava recebê-las.

Sentada na porta de casa ficou esperando o marido chegar para o almoço. Uma, Duas, Três horas, Marcelo não volta para casa, e Rita está convicta de que ele a esqueceu. Não sabe qual passo dar afinal sua necessidade dele gritava e estagnava suas ações.

Eu Catarina, fico a observar este olhar perdido e esperançoso de Rita e machuco seus sentimentos com a incerteza. Não tenho remorso por estas e outras atitudes afinal sou dona de seu destino e não obstante, de seu marido também.

Ao levantar-se da velha cadeira em frente a casa, Rita nota uma pessoa correndo desesperada em sua direção ofegante e engasgada com palavras que precisavam ser ditas de imediato. Naquele momento tomei por corpo tal pessoa e lancei aos ouvidos de Rita as notícias inesperadas.

Alma de Marcelo desprendera-se do corpo no momento em que corria a travessia da ponte principal da cidade em direção ao centro. Sua bicicleta inclinara involuntariamente para a direita onde um caminhão tomava destino contrário ao seu. Sim, fora atropelado, não se despediu de Rita, foi embora sem ela.

Aguardem Segunda Parte.
 
Leticia Duns

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Reabertura Blog em 16/06/2010

Queridos leitores...

Na quarta Feira (16/06/2010) voltarei a postar aqui no Descobrindo depois de sua total reforma.
Não percam, inauguração da nova arte de abertura feita especialmente para essa nova fase e pensada em todos os aspectos para trazer boas energias aos leitores.
Enquanto isso, uma prévia da arte está aí acima apenas para deixá-los curiosos...

Arte de abertura: Tiago Costa

Beijos e até quarta !

Leticia Duns.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

...


Reticências para ser infinito
Compêndio do que trago
É resenha do passado
Infindável o futuro
Saudosa a lembrança
A razão humana não pode explicar
Reticências para ser infinito...

Leticia Duns

terça-feira, 25 de maio de 2010

Trovões

Penso que se pelo passo
Que o passo caminha
Estão por vir ventanias
É bom sinal de tempestades
Regadas a palavras jogadas
Como quem não quer nada
Como quem não quer aparecer
Mas quer ser apreciado...


Leticia Duns.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Banda Katarse

Ontem parei para ouvir e analisar com atenção esse CD abaixo descrito. Já havia ouvido antes mas não com tanta atenção. Apesar de algumas músicas soarem estranhas a algumas pessoas, são de inteligência cultural tamanha que me fez divulgar aqui.

Em especial abaixo a música no qual mais admirei no CD.

Música da Banda Katarse, letra de Tersio Greguol, CD : A Obtusa Simplicidade do Ser.

Conselho : Do Eu Ao Eles Sem Excessão

Você já não é mais criança
Já está na hora de saber
Que mais dia menos dia
O inevitável vai acontecer

Deixe a soberba de lado
Ainda tem muito o que aprender
Maneire na sua prepotência, A aceitação fará você crescer

Todas as coisas um dia se vão
Todas as pessoas do singular
Todas as pessoas do plural
Tudo um dia retorna pro lar

Comece a procurar respostas sabendo que não há o que fazer
Cultive sempre a humildade e saiba que um dia você vai morrer.

Assim Deixei

Deixei de escrever frases bonitas,
Mentiras alegres e corações partidos.
Na árvore que não via,
Deixei penduradas folhas escritas,
No solo, canetas sem tintas,
Nos frutos, casca sem polpa.
Deixei de querer o mundo
E todas suas coloridas flores
Se presas às raízes estão
Mas radiantes, exibem sua beleza.
Deixei de querer as músicas,
O que me impressiona
Se camufla em suas letras,
Melodias e acordes gritantes.
Deixei de querer alma,
Se enquanto corpo pulsa prazeres
E tão incoerente a descreve
Como se alma dele dependesse.
Deixei de correr os caminhos,
Olhar para os lados,
Enxergar vazio,
Lamentar passados, cegar destinos.
Decidi que deixei de tudo um pouco:
Tudo que me é vago,
Tudo que parece bonito,
Tudo que aparenta sintonia,
Tudo que está superior,
Tudo que é regrado.
Sim, de tudo um pouco,
Afinal poucos são os ensinamentos
Sobre nada que sabemos.
Um pouco de tudo,
Um pedaço de cada aroma
Mesmo que não goste.
Experimentos, só um pouco...
Acaba- se sem legados,
Apenas poetizando vagamente
Sobre palavras escritas, papel branco
Penduradas nos galhos
Daquela árvore que não via,
Flutuava sobre o chão.
Árvore donde nasce a verdade.
A verdade?
Deixei de escrever frases bonitas,
Mentiras alegres e corações partidos.

Leticia Duns.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Selinhos aos Melhores



Queridos, recebi um selo num blog de um amigo que gosto muito (Fernando) e que escreve muito bem, em sinal de gratificação, posto este selo para ele bem como para todos os blogs que leio frequentemente, todos são fontes de inspiração nos meus escritos. Aconselho que entrem e confiram, são os melhores...






 

 

 



Que nossas canetas sempre criem asas e façam nossa palavras voarem para todos os cantos deste mundo !

Beijos

Leticia Duns.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Não Consigo

Já desviei o caminho
Peguei um atalho
Fugi do destino.

Andei confortável
Ruas floridas
Paisagem impecável.

Apaguei a história
Comecei um rascunho
Pequei com glória.

Nesses inversos
Camuflei teu nome
Em meus desejos.

Rua turva caminhei
Ao seu final, vazio
Só sei que sempre te amei.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Descobri teu Nome

Não se achar nas próprias roupas
Nas paredes pintadas de azul
Nas vontades saciadas
Nos livros não lidos
No quarda roupa vazio.

Procurar dentre os cômodos
Da casa recém arrumada,
Na cama impecável, lençóís brancos,
No porta retrato, sorriso eterno,
Não achar seu inteiro, seu cheiro.

À beira da saudades
Lado a lado, teu nome
Descobri que assim ela se chama.
Mesmo tendo identidade
Não me responde.

Por que és tão silenciosa?
Quero que fale, que grite
Que me mande embora,
Diga que não me vê
Mas pelo menos diga.

Por que tens tua vontade tão impiedosa?
Tomou o espaço de tudo por aqui
Levou aquele sorriso, diadorim
Agora cala-te para que não note
Mas sua presença é palpável...

Leticia Duns

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Inversos

Dar por fim quando
Pela morte se acaba
Mas assim sendo,
É início de dimensões.
Olhos de agouro
Se mãos sentem o palpável
E alma vive sem limites.
Vida enquanto morte,
Se há de iluminar
Seja no veludo negro
Da morte pelo princípio.
Morte enquanto vida,
Então escurecer
Na seda transparente
Da vida pelo término.

Letícia Duns.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Sobre a Finitude

Sobre vento e sombra,
Cavalos e floresta;
Sobre mitos e verdades,
Vontades e sublimação;
Sobre rascunhos e biografia,
Letras e melodia;
Sobre tudo e eles,
Escudos e flores;
Mostrou tudo quanto era,
Quanto é e será.
O temor que soprou como vento
Revelou que mitos eram e são verdades,
Através de letras e melodia
Sobre você e outros,
Mostrou tudo quanto era
Quanto é e será.

Leticia Duns

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Momento- Fração do Arrependimento

Sabendo que por um momento
Deixei minha vida rolar sem cobranças
Ao sabor do novo e inconsequente
Deleitando do acaso e rindo da morte.

Sabendo que por vários minutos
Nem me importei com meu destino
E se meus atos o alteram
Apenas soltei-me e senti-me livre.

Sabendo que o que quero está longe
E o que necessito sempre está por perto
Traçei minhas metas e ignorei-as
Somente naquela pequena fração de tempo.

Foi sabendo que deixei me levar
Delicei de tudo que não se pode
Fiz tudo que não se deve
Mas foi apenas por um momento.

Momentos...
Ao longo dessa e de outras vidas...
Foram e serão vários os momentos...
Quem há de controlar?

Leticia Duns

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Medo do Medo da Morte

Prender a algo tão importante
Quanto apegar-se a fé
Quando se tem
Medo do medo da morte.

Necessidade de amarrar
Longas lágrimas de grafite
Já que o real não se desfaz
E o possível é demasiado surreal.

Juras de vida longa
Eterna - Mentiras saudáveis
A quem se engana,
O coração inerte

Iminar e transferir ao caos
Reis majestosos e deuses famintos
Carne humana saciável
Lástimas a alma lúdica.

[Seres relativamente pequenos diante da morte e seus mistérios]

Vem sem cheiro, sem sublevar, sem presença, mas nota-se.
Toma em suas garras de gélido abismo infindável
O suspiro absorto e ilusórico que nos perpetua neste plano
Utopicamente caucionando alma desobstruída...


Leticia Duns

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A totalidade nada mais é que vazio explicando existência.


Leticia Duns

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Sempre Contigo

Não pensarei como alvo distante
Continuarei sabendo que alcançarei
Mesmo que demasiadamente invisível
Fecho os olhos e vejo aqui

Te vejo sempre aqui
Logo te tenho sempre comigo
Não estarei sozinha
Amor que preenche suas próprias lacunas

Sei que melancólicamente
Penso nesse amor platônico
Mas o que é ter senão alma interligada?
Presença para os sábios não é necessária.

Leticia Duns

And i'm not gonna stand and wait
Not gonna leave it until it's much too late
On a platform i'm gonna stand and say
That i'm nothing on my own
And i love you, please come home

terça-feira, 30 de março de 2010

Colecionadora de Almas e Identidades

Mesmo quando se resolve esquecer que existiu, e se vê lá no fundo nenhuma gota de ilusão e esperança daquela alma que acabou de sair de dentro, e não se encontra vestígios de experiências vividas pelo habitante anterior, e corre- se atráz do que é ou do que será, mesmo diante de tudo isso, não descobriremos por quê.
Por quê de tanto sofrimento pelas pessoas se elas só enxergam a si mesmas (invenção de espelhos).
Por quê de tanto prendimento por afetos e amores se o que se tem deles são apenas ilusões?
Por quê tantos questionamentos de quem é se você apenas está definido pelo seu nome na carteira de identidade?
Não cabe enumerar os por quês, esses que ditaria seriam os meus e de várias outras pessoas sem respostas.
Somos pessoas sem respostas sim e identidades sem alma também.
Mostra-me a tua alma?
Enquanto isso coleciono "identidades de almas passadas"...

Leticia Duns

domingo, 28 de março de 2010

Plenitude Volátil


Ser enquanto sou
Como posso deixar de ser
Algo que presumi que seria?
Como posso querer ser
Algo que jamais imaginei?

Querer enquanto tenho
Como posso querer-te
Sem saber que existia?
Como posso deixar-te
Se és meu coração?

Calar enquanto tenho voz
Como posso amar em silêncio
Se existem gritos aqui dentro?
Como posso ter voz
Se teu amor me consome por inteiro?

Contentar com o que não tenho
Como posso interar-me
Se o que mais desejo não me vem?
Como posso ter
Se já não habita mais aqui?

Tenho tudo que quero
O que necessito me falta.

Leticia Duns.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Alma sem definição

Sou assim
Vermelho e azul
Sangue e alma
Doença e remédio
Água e chamas
Dor e paixão.

Sou assim
Navegante em águas toldadas
Andante em ruas frívolas
Pedinte de vontades tenebrosas
Voadora em céu rematado
Nome sem raízes.

Sou assim
Espírito embalado em corpo
Mãos tocando abismos
Beijos em lábios desconhecidos
Verbo pescando saudades.

Sou assim
Rosto ignorado no espelho
Casa habitada por estranhos
Portas abertas para lugar algum
Janelas flutuando no ar.

Simplesmente Sou Assim.

Leticia Duns